Translate

quarta-feira, 16 de março de 2011

We are Bahia

"Ah, que bom, você chegou" (Nizan Guanaes)

Aqui. Bem Forte, com Santo Antônio, (e) na roda, na dança e na luta.

Já ouço a percursão, fazendo meu coração dançar.

Das cores, todas são flagradas pintando as mais belas fotografias a serem imortalizadas em nossas lembranças. E assim, por um único instante, apenas, me vi inocente, fotografando minha própria ingenuidade, quando, ainda forte, ouvi uma ardente voz gritando o que eu não queria ver: "toda cidade é igual".

Há beleza e a há dor. Contrastes tão destoantes que fica difícil compreender - ou perdoar.

Uma beleza e uma dor que podem ser comparadas, mas não esquecidas. Fazem agora, parte de mim e do que é meu - e parte do que é nosso, já que compartilho minhas sensações e memórias -. E de mim, nada apaga, mas ninguém explica.

Raro campo de visão. Forte energia que embriaga e enlarguece o sorriso, nos faz viajar sobre as idéias e a esperança e conceber nossa ideologia de igualdade ao direito de sentir o desejo de voar sobre todo aquele lugar tão forte que te diminui diante de toda aquela grandeza tão complexamente singular, que mesmo os mais saudáveis olhos não conseguem traduzir, ao tempo, em que engrandece o desejo de SER e de fazer fortes, nossas mãos unidas.


Foto: Mariana Moura

Mas, toda cidade é igual. A minha é capaz de construir as cores, a sua, de colorir os olhos.

No entanto, essa - e, exclusivamente essa - é forte e inteiramente de Oxum.

"Bem vindo a Salvador, coração do Brasil"! (Nizan Guanaes)

segunda-feira, 7 de março de 2011

O Conto da Cigana* (Claufe Rodrigues, 1956)

A cigana pegou a minha mão
aí eu pensei comigo:
"Ela vai ler o meu destino"
Mas a cigana desabotoou o vestido
roçou a trança na minha cara
e enfiou a língua no meu ouvido
...Aí eu pensei comigo:

"Agora ela vai ler o meu destino"
Mas a cigana fez um beicinho
e me lambeu como se ela fosse uma gata
e eu fosse um passarinho
meio perdido na mata

...Aí eu pensei comigo:
"Agora ela vai ler o meu destino"
Mas a cigana me beijou na boca
começou a tirar minha roupa
e fez assim com o dedo na minha mão...

...Aí eu pensei comigo:
"Agora ela vai ler o meu destino"
Mas a cigana me acendeu com um fogo brando
se enroscou entre minhas pernas
e eu senti o ventre dela
latejando, latejando...

...Aí eu pensei comigo:


* Poema declamado por mim no Sarau Erótico II do Projeto Papel no Varal em 23/02/2011