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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Aquele menino...Aquele (meu) mundo...

Eu vi um menino sorrindo. Sorria como se estivesse descoberto sua própria magia. Era um sorriso tão lindo... tão grande, tão colorido, tão iluminado, que parecia encontar a minha alma - me fazia leve e me levava a sentir sua glória.

Eu vi um menino brincando (e estampava o maior sorriso que eu já pude ver). Brincava como se a vida fosse para sempre (e eternamente feliz). Em suas mãos, uma grande bola azul. Ele a tomava como quem doa toda a sua felicidade, toda a sua energia. Tão pacífico, tão sabedor, tão carinhoso. Para mim, mera expectadora, é impossível descrever o amor com o qual aquele menino admirava aquela imponente forma em suas pequenas mãos. Ele se encantava com o que via ali. Em suas mãos, havia o mundo.

Eu vi o menino dançando. Sorrindo. Brincando. Compasso ritmado por batidas que apenas ele poderia ouvir. Seu (imenso) coração guiava aqueles tão delicados passos em dança.

Eu vi o menino girando. Sorrindo. Brincando. Dançando). Ele girava. Braços e bocas abertas como quem louva (acima dele, flutuava aquela forma azul, que voltaria para ele). Rodopiava como quem convida.

Naquele lindo dia azul, de repente, o menino pára. Firmemente (ainda em glória), olha em minha direção. Como quem lê almas.

Meu coração disparou tão rápido e inconstante, que nem podia mais sentí-lo. Parecia parar. Minha garganta tremia. Minha insegura boca já não produzia mais saliva.

O menino (ainda) me olha.

O menino me vê.

O menino me lê.

O menino, me estendeu a mão (como quem convida). Ele parecia apenas enxergar o futuro.

O menino me sorri (apenas para mim), como quem agradece.

E eu aceitei (como quem ama).

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Nem Chico...

  ... Tem dias que a gente acha a boca pequena para chorar, a voz rouca para inflamar, os olhos sedentos demais para expor, o corpo triste demais para esperar...
  
  “Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu”
  
  Quem foi que estancou? Eu ou o mundo?...

  De repente, sinto vontade de apenas chorar... por tristeza ou por alegria... apenas chorar...
  Não sei ao certo as cores das minhas lágrimas... não sei mais se falo com a emoção ou com a razão... não sei mais se devo falar... talvez deva apenas chorar...
  Chorar... com vontade de urrar baixinho... de silenciar meu pranto...de deixar meu corpo (só por um instante, até que eu possa sentir minha alma...).
  Chorar como se fosse possível sorrir...

  Chorar como se eu pudesse entender...

  Chorar como se eu permitisse querer...

  Chorar como quem lava a alma na alegria e chorar como quem se vê preso em tristeza...

  Chorar como se fosse possível amar... Chorar...chorar...apenas...chorar...
 De repente, chorar me faz pensar se tenho razões... minhas emoções parecem dominar minhas leis...
  Chorar de pranto, de medo... chorar de emoção, de alegria...chorar, por simplesmente chorar... como se as lágrimas pudessem bastar... como se a alma pudesse aguentar...
  Chorar para descobrir quem foi que parou..
  Chorar como se o tempo fosse eterno... chorar como se minha voz pudesse alcançar...chorar...
  Chorar para entender que eu sou um pedaço de mim... chorar para entender que te amaria novamente... chorar para compreender que o tempo não é o destino...
  Chorar para me encontrar em mim...chorar para me perder...me procurar...
  Chorar para ser... (chorar para ser...)
  Chorar... chorar como se o dia fosse curto...como se não desse tempo para secar...
  Chorar como se meus olhos pudessem dizer, que, por mais que eu tente...as lágrimas me encontrarão...nem que seja para dizer: “sorria!”
 Sorrir para encontar minhas lágrimas! Sorrir para entender que chorar é necessário...
  Sorrir para compreender que posso expressar lágrimas... sorrir para ver que a felicidade (também) chora...
  Sorrir para sorrir...
  Ser feliz para sorrir...
  Ser feliz para chorar...
 “Roda mundo, roda-gigante”
 (...agora eu choro  como quem chora a vida... )

domingo, 17 de outubro de 2010

Entre mim e eu

  Às vezes, tento me desencontrar do espaço e do tempo. E longe dos devaneios ­– ou realidades – a atemporalidade faz os segundos de encontro comigo mesma, mergulhada em meus vãos e relevantes sentimentos, parecerem infinitos ao ponto de se perpetuarem como uma longa vida – daquelas que se fazem valer uma história de memórias (e de amor) –.
  Mas, como um insensível despertador que interrompe os mais belos sonhos, o tempo e o espaço, cúmplices, me vêm como para me despertar da minha inospicidade e, num chamado tão violento que dá até para sentir os socos e bofetões em ambas as minhas faces, para me trazer de volta.
  E, de volta – sempre de volta –, parece que nunca saberei o que “eu” quer de mim. Todas as nossas tentativas de encontro são frustradas pelo tempo e pelo espaço que, para se manterem no imaginário precisa que minha cognição esteja ativamente presente, a fim de que as lembranças sejam concretas.
  Como posso estar comigo se o tempo e o espaço tentam me consumir por completo para que seja eternizado em minhas memórias? Como posso equilibrar já que o tempo não me espera e o espaço me é diferente a cada momento?
  A perfeita congruência entre mim e “eu” é, qualificadamente, indispensável. É essencial.
  Eu só preciso que o tempo me dê tempo, e o espaço respeite o meu...

Explicamento

Eu estava aqui, presa a mim – e ao que me faz voar – procurando as palavras mais inteligíveis para tentar descrever o momento e os sentimentos que movem meus desejos e que me levam a sentir as nuvens e um frio no estômago como se eu estivesse sobrevoando as memórias.
Enquanto eu seguia perdidamente pela minha, quase cansável, procura, uma forte voz, parecendo sair de dentro de mim, perguntava sobre a necessidade de eu encontrar as palavras. Por que eu deveria tentar explicar?
Assim, vagarosamente, o franzido de minha testa deu lugar a uma altiva tez. Meu sorriso se abriu, altivo, revelando suas mais imponentes cores. Levei então, a mão esquerda à cabeça, enquanto que, com a direita, eu arremessava à mesa, a caneta esferográfica azul. E, num súbito impulso, levantei e saltei (sempre sorrindo). “É SENTIMENTO!”. Se as palavras pudessem caber, seria “explicamento”.
“Eu só tenho que sentir”. Comecei a gritar para dentro de mim. 

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Pra você

Hoje, meu dia amanheceu estranhamente preguiçoso e agoniante. Meu tranqüilo, feliz e colorido sono embalado pelas imagens que criei de nós em meus sonhos foi interrompido por um desconforto no intestino. Tive, então, que abandonar minha cama quentinha, depois de tanto revirar para tentar enganar aquilo que ocorria em minha fisiologia e correr para o banheiro, aliviar o que me causava desconforto.

Voltei para o quarto, encontrei minha cama, mas você não estava mais lá... e eu não conseguia te trazer de volta - e isso me frustrava. Em vez disso, um pesadelo com o qual tentei lutar, me fazia remexer, eu abria os olhos e dava tempo para fechá-los novamente. No entanto, sempre que eu os fechava querendo te encontrar, o terrível pesadelo insistia em me assombrar, até o momento em que eu decidi levantar - mesmo contra meu corpo que sentia a necessidade de permanecer deitado.

Ainda sonolenta (e agoniada), saí pelo corredor em direção à sala e encontrei meu primo, minhas tia e mãe, além da Rita, que logo cedo, gritava feito a patroa.

A agonia que me fez acordar, provocou em mim, uma espécie de depressão, que me deixou preguiçosa a ponto de não me fazer capaz de dirigir até a padaria para comprar pão para o café-da-manhã, o que me incomodou. Fiquei ainda mal por contar a desproporcionalidade entre os números de pães e bocas. Mas nem assim... não tive coragem para lutar comigo mesma.

Então, comi bolachas.

...

sábado, 9 de outubro de 2010

Mariana

...Delimitaram-me e me alienaram em mim mesma...

                                     (Sete letras)

Eu poderia ser João, Mário, Januário
Eu poderia ser Francisca, Marta, Severina
Eu poderia ser Paulo, Saulo, Carlo

Mas sou, simples e complexamente, eu
Uma essência que se define na inconstância dos momentos
e dos desejos dos instantes

Eu sou a rosa em dias de sol
Eu sou o espinho em tempos de nuvens

Eu sigo o vento quando é brisa
Eu brigo com essa força quando é ventania

Eu sou a calma em tempos de guerra
Eu sou os nervos em tempos de paz

Eu sou finalmente tudo o que sinto
E sinto plenamente o que sou

Eu sou MARIANA