Translate

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Dias de chuva... dias de chuva

Ah, esses dias de intensas chuvas, quando o sol se esconde atrás de nuvens carregadas de água, que, em instantes, desce caindo sobre nós em fios inconstantementes finos e leves/fortes e pesados, numa velocidade mais oscilante do que minha capacidade de pensar sobre meus próprios conceitos.

Quando o céu, de azul, se pinta de cinza, a morbidez do verão nordestino parece nos trancafiar em casa.

Preguiça de sair da cama quentinha pelo atrito do nosso corpo em contato com nossos lençóis e travesseiros cobertos por um delicada e gostosa fronha que, aos poucos torna-se tão íntima da nossa nuca - que dedicamos calorosamente, aos amantes - e dos nossos cabelos. Ainda quando suamos à noite (pela dedicação da nuca), ela seca nossa transpiração até envelhecer marcada pelas incontáveis lavagens a fim da renovação.

Frio só em pensar em abrir as janelas, pois, a brisa gelada parece invadir a sala e nos tocar o corpo, nos amofinando no sofá, onde percebemos o quão inútil está sendo o nosso dia. Mas a condição atual dos nossos corpos não nos permite fazer últil nossas horas.

Voltamos ao quarto e nos dirigimos (novamente) à cama, aquela mesma cúmplice sabedora de todos os nossos segredos e confidente de todas as ações sob ela.

"Nossa cama é nossa cama!"

E ali (aqui), novamente sobre ela, percebendo sua textura, reconhecemos o quanto ainda nada relevante estamos a fazer, mas, tudo o que nos resta é o atrito em nossos lençóis.

Cabeça no travesseiro e, de repente, aquele perímetro começa a se apresentar distante, ao tempo que tão íntimo. A lembrança das diferentes histórias, que acabaram por constituir aquele espaço, invadem nossa cognição.

Assim, projetamos mudanças no ambiente. Mas entra chuva e sai chuva e nossa promessa nunca é cumprida.

Começamos a criar histórias, inventar momentos, produzir vozes.

Mas aquele momento, aquela cama, aquele quarto não conseguimos inventar, curar, esquecer.



Nenhum comentário:

Postar um comentário